Não há sacralidade no
fim.
Organiza-se as memórias dentro de
um baú. Mas há tanto ainda guardado
dentro de mim. Que não encontra endereço. Que não encontra um espaço. Que só
sabe doer. E dói. Mas dor foi feita para
doer não é mesmo?
Não há poesia no fim. Os versos
perdem o sentido. Perdem a finalidade. Insistem em desfazer o sentido. Duvidam. Questionam. Mas não conseguem me
fazer duvidar do que foi vivido.
As canções que era tão minhas,
tão nossas, agora se destinam a outros ouvidos. Já não pertence a nós. Já encontra
outro sentido. Já não é mais restrita ao que fomos nós.
E tudo chega ao fim. Sem querer
finalizar.
Processo interrompido. Vida que
segue, mas vida que também quer ficar aqui. Quer recordar, questionar, indagar
e doer o que precisa doer para seguir em frente.
Então, deixa doer. Deixa sepultar
ou encontrar outro caminho o amor que aqui ficou. O amor que aqui restou. O
amor que não soube prosseguir a dois, mas que também não sabe amar só.
E hoje só sabe doer.Então deixa doer. Deixa seguir o seu curso,
para que logo coloque meu coração a caminho para seguir o curso dele.
Rumo ao novo que logo virá.