Ela vê a vida passar.
Como um bolero qualquer. Um embalo.
Vê o que quase ninguém se deu o trabalho de notar, os dias em suas cores reais. Fragmentos. Entrelinhas. Meio sorrisos. Mentiras sinceras. Olhares sonhadores. Olhares desiludidos.
Sentada a beira do caminho é fácil notar o esforço que alguns fazem para que tudo de certo. Para entrar nos eixos.Para lutar pelos sonhos.
Sentada a beira do caminho também se vê os mesmos erros. As mesmas cenas em outras circunstâncias.
A beira do caminho se vê nitidamente a vida ao redor para não encarar o que há dentro de si.
Mas chega um tempo em que não se pode mais ser coadjuvante na sua própria história. Fugir do seu enredo. Ser plateia.
Chega um tempo que é preciso encarar sua história , com osdramas e comédias, encontros e desencontros, chegadas e partidas.
È preciso tirar a capa de falso herói, de ser sempre equilíbrio , serenidade e coerência.
È preciso ser realista com as nossas misérias.
È preciso ser o que se é, sem falsas modéstia, explicações ou motivos.
È tempo de sair da beira do caminho e começar a caminhar.